quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Pequenos Einsteins

Nas discussões do curso de Trends Forecasts na PUC e, agora, em Santa Catarina, sempre tem um grupo que traz a questão do monitoramento 24hs como um dos assuntos mais recorrentes em suas pesquisas. Também, não é pra menos, depois do Google Maps e da democratização do GPS em celulares e gadgets, é possível saber de cada passo que damos.
Nesta mesma estação de "sinais", acabou de sair uma matéria no site da Wired que trata do monitoramento de crianças através de gadgets, brinquedos e aplicativos de celulares como o Iphone. A maior questão nem trata da polêmica vigilânica neurótica big brotheriana, e sim as comparações que os pais fazem ao obter o resultado desses monitoramentos. Por exemplo, tem um gadget que chamado LENA Home que monitora a quantidade de vezes que os pais falam com os filhos e, também, que são respondidos por eles. Então, os pais podem ver a média desse tempo de interação e comparar com outros pais, ou outras regiões no mundo. Onde há comparação, obviamente, há competição e, através desses monitamentos constantes, lá vão os pais em busca de mais gadgets que consigam estimular o desenvolvimento ao máximo dos seus bebês.
Na matéria, fala sobre os brinquedos criados pela empresa LeapFrog, como o cachorrinho falante Scout ou Violet (da foto) que "ensina" as primeiras palavras e números para os bebês, ou os livros Tag Junior, que fazem perguntas para a criança através de uma caneta especial e monitora a quantidade de tempo que as fofurices passam em cada página e quantos acertos elas obtem.
Por um lado, é super legal estimular o contato da criança com a tecnologia (eu dei um desses pra minha afilhada quando ela tinha 2 anos!!! rsss), mas para os pais mais inseguros, pode se transformar numa ferramenta perigosa, gerando inquietações e até mesmo, medidas desnecessárias como repressão à criança, ou a imposição de um tipo de aprendizado que deveria ocorrer naturalmente, o que, aliás, pode levar a um caso de trauma e até de acentuação de defict de atenção da criança devido a pressão.
Vou pesquisar como o mesmo tipo de monitoramente neurótico acontece com adultos. Será que também rola?
E, como serão essas crianças alfabetizadas pelos toys eletrônicos?
Cidda!! Solicito o seu know how de Cenários Futuros para essa questão!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Evevolution e os homens


No início desse século, Faith Popcorn lançou o livro Eveolution no qual apontava a maneira de pensar e agir das mulheres como o novo leme para o consumo e para o marketing. Para "variar" ela estava certa e hoje é comum vermos serviços e produtos serem pensandos com conceitos femininos, ou seja, mais complexos, dependentes de outras opiniões (eis o fenômeno das redes de relacionamento), mais integradores e intuitivos.
Contudo, não é apenas a mulher que está absorvendo e fortalecendo esses sinais. Na verdade, a mundança de comportamento nos homens talvez sejam os exemplos mais evidentes e mais revolucionários (ou evolucionários) que veremos no próximo século. Especialmente, quando olhamos para a moda, uma das mais marcantes fronteiras entre os gêneros. Escrevo isso, para apontar para a coleção Hermaphroditus, da marca de Malleen Dalan, como um sinal desta mudança. Malleen Dalan é uma norueguesa de 25 anos que começa a chamar a atenção da imprensa por suas peças masculinas absolutamente feminilizadas e poéticas. Para Dalan homens podem usar saias, rendas, brilhos, sem parecerem-se com a estética do travesti, e aliás, continuando a ser muito sensuais e atraentes. "Minha marca masculina é de vanguarda e oferece uma dimensão provocativa e surpreendente para o futuro da moda masculina", diz Malan em sua lojinha virtual no site site da comunidade de moda Not Just a Label.
Se no século passado, na era do pensamento racional e masculino, a mulher flertou com o guarda-roupa masculino para conseguir se libertar, agora, nesse novo século em que o pensamento feminino começa a ganhar as rédeas do mundo, serão os homens que irão procurar no guarda roupa feminino o caminho para sua renovação?
O que acham, heim?
Opiniões masculinas serão muuuuito bem vindas! hehe

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Momento Santa Teresa

Depois da exposição da Melissa, o pessoal que ainda não tinha derretido por completo (rrss), resolveu dar um rolé junto com as professoras Flávia e Aline, por Santa Teresa. Lá, conferimos o Bar dos Solteiros (dentro do Hotel Santa Teresa...o mais cool&chic do bairro), descemos as ruas de paralelepípedos a pé de olho nos grafites e nas pessoas.
O grand finale aconteceu no Bar do Mineiro, com pastelzinho de feijoada e cerveja gelada. Uma experiência totalmente imersa no lifestyle carioca.
Abaixo, algumas fotinhas do passeio extra-classe.
Grafite sobre grafite, perto do bar do mineiro. Uma estética bem geométrica, meio Transformers.
Uma turista portuguesa, hospedada no hotel Santa Teresa, com uma bolsinha de tampinha de latinhas que é a cara do Rio, mas que foi comprada lá mesmo, na terrinha.

Espelho com moldura de vassouras no Bar dos Solteiros, do Hotel Santa Teresa. No mínimo curioso. Um surrealista, decifraria essa peça como "limpe sua imagem". Rssss

DJ do Bar dos Solteiros. Notem, a bacia de metal com a plaquinha enferrujada com o nome do hotel. Super convergência de antigo (placa) com objetos da cultura tradicional popular (bacia). Very trendy.

Festival da Primavera - os cartazes



Ah, para vocês não acharem que estávamos de "zoação" (rsss), segue a foto de um dos "cartazes" do Festival da Primavera que tanto falamos, mas que não puderam ser fotografados pelo pessoal do SCMC, pois eles haviam sido retirados e, infelizmente, substituídos por cartazes de papel.
Nós, do NFC, adoramos a ideia (e registramos com nossas cameras coolhunters!) de ter chapas de ferro (tipo aquelas que tapam buracos nas ruas) e de madeira (igual as que servem de mureta de obras da prefeitura) como cartazes do Festival da Primavera da PUC. Os alunos apenas colaram um adesivo nas chapas de ferro e madeira e os espalharam pela PUC. Os passantes literalmente "descobriam" os cartazes e, sem dúvida, a reação era de surpresa. Como se algo surpreendente tomasse conta de um objeto tão rotineiro e que, normalmente, já é qualificado pela nossa retina e cérebro como "fora do campo visual de interesse".
Idéia boa, super eco-friendly e que também acentua os sinais que apontam para ações que surpreendam/"des-rotinizem" nosso cotidiano. Como os códigos "QR" espalhados em pontos de ônibus em Curitiba e Porto Alegre com mensagens e "pistas secretas", ou a própria idéia street art, no sentido de dar uma novo significado ou estética a elementos tão comuns na nossa vida, como um poste, um muro, um caminho no chão de cimento, etc...

Coolhunting pelo Rio



O Núcleo de Cenários Futuros está trabalhando em parceria com o grupo SCMC- Santa Catarina Moda Contemporânea, numa ação de capacitação de empresários e funcionários das empresas e instituições ligadas ao SCMC para a pesquisa de tendências. As aulas têm acontecido em Blumenau e têm sido super interessantes. No início de novembro (desculpem a demora em postar essa notícia!!), o grupo do SCMC veio para o Rio para o módulo de coolhunting e desbravamos alguns pontos da cidade em busca de serviços, ações, texturas e tudo aquilo que chamasse a atenção ao olhar como alvo inovador, pertubador, ou simplesmente cool.
Sob um sol de quase quarenta graus, andamos pelo Leblon, Ipanema, Santa Teresa e Lapa. Todo mundo com suas cameras fotografando tudo que lhe chamasse atenção, colhendo dados, e fazendo perguntas sobre serviços, materiais, etc...
Vou puxar sardinha para o meu grupo (rsss!) que arrasou nas imagens e na abordagem aos passantes, vendedores e descobertas de "coisinhas cool" pelas ruas do Rio.
Depois a Aline vai debutar no blog (ebbbaaa) dando uma explicação mais acadêmica do nosso passeio, por enquanto fiquem com as imagens!

Essa pessoa, estava sentada no restaurante em que almoçamos. Note o chapéu estilo vietnamita que combina perfeitamente com os trópicos cariocas. Um look curioso, ousado e, trend setting, talvez?
E, olha que coincidência, um pouco antes do chapéu vietnamita, encontramos um camelô em Ipanema vendendo sombrinhas japonesas !! Será esse verão invadido por uma onda oriental? Depois das tatuagens de henna, das cangas de Bali..agora sombrinhas japonesas.

Essa pessoa super chic e linda, nós encontramos dentro da loja O Banquete- uma joalheria especializada em jóias de designers independentes, em Ipanema. O que chamou a atenção foram os cabelos dela, totalmente grisalhos, formando um conjunto moderno com o corpo super em forma, decote sexy e saia super chic. São os novos baby boomers, assumindo a cor natural dos cabelos e quebrando a idéia de cabelos brancos = velhice = feio. Nada disso, ela está grisalha, linda, moderna e confiante. Assim como a Cidda do NCF, né! Trend setters, especialmente, se tratando de mulheres brasileiras que têm os cabelos compridos e tingidos como parte importantíssima de seu look juvenil.

Esse foi mais um dos momentos mágicos e refrescantes do Rio. Uma imagem que reflete a essência do verão local.

Postes, hidrantes, fradinhos, ja tem um tempo que eles ganham vida no Rio de Janeiro.

Me chamou a atenção essa "cachoeirinha" de verde fazendo a moldura dessa porta antiga. Em SP a antiga loja da estilista Fabia Bersek também contava com um jardim "vitrine", a loja da Adidas também fez uma moldura assim em Los Angeles. Estes são exemplos da mais simples presença da natureza como statement de eco-legal.
No caso dessa foto é pura poesia, pois não era nenhuma loja ou estabelecimento comercial. Mas, da poesia também tiramos achados cool. Como na foto aqui embaixo, com a arruda brotando dentro de uma panela antiga. Estava num restaurante super chic de Ipanema chamado Forneria São Sebastião.


O Rio tem muito disso em mercados populares, cartazes pintados à mão. Esse açougue, em Ipanema, resolveu fazer dos cartazes toda a moldura da loja. Um poluído, tão poluído, que ficou cool.
O dia terminou na Expo da Melissa, em Santa Teresa. De uma maneira super colorida, interativa e moderna, a marca celebrou a trajetória balzaquiana (30 anos!!) da sandália que para mim sempre vai ser "a sandália que vem com uma pochetinha". Rsss

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

ABC do Futuro



Hoje de manhã recebi um post muito interessante do PSFK comentando sobre a vitrine especial da loja de departamentos Selfridges. Para comemorar o seu centenário, a loja montou uma vitrine muito bacana com todas as letras do alfabeto e "dentro" de cada letra há um objeto futurista e um conceito que começa com aquela letra. O objetivo é fazermo-nos pensar sobre como serão os objetos daqui a 100 anos.
Por exemplo, a letra "Q" tem um bínóculo moderno dentro e diz "Quick Vacation". Ou seja, as pessoas, daqui a 100 anos, não precisarão sair do lugar para tirar férias. Basta usar o binóculo e viajar virtualmente.
A loja também promoveu uma pesquisa para saber qual seria o conceito mais interessante. Ganhou a letra "X", que representava a idéia de "Xtra hours in the day clock", ou seja, horinhas extras no relógio. O objeto era um relógio com horas em looping e uma alavanca capaz de transformar o tempo. Pense que com o simples puxar de uma alavanca, uma hora de diversão pode se transformar em duas. Sem dúvida, essa é a melhor invenção.
Se eu tivesse que prever um objeto para daqui a 100 anos...humm...acho que criaria uma pílula do anti-esquecimento e um massageador-emagrecedor tabajara. O simples toque de massagem (que seguiria a mesma forma, jeito, temperatura e intensidade da massagem recebida pela pessoa amada), te deixaria com o corpo da Gisele Bundchen (antes da gravidez, claro!).
Na vitrine, havia outras idéias excelentes, como uma lata de lixo com buraco infinito. Você joga seu lixo lá e este vai para um buraco negro no universo. Ah, também amei a tinta gravidade zero. Você pinta qualquer objeto e ele fica leve como um balão, facinho de carregar. Ah, mas não seria o fim do cavalherismo?

sábado, 22 de agosto de 2009

NOSSO PRESENTE NO FUTURO

Em nossas pesquisas e por conta de nossos objetivos, estamos constantemente levantando indagações e fazendo prospecções sobre o futuro. Porém, para isso, temos a aparentemente fácil tarefa de esmiuçar o nosso presente! Mas analisar o presente sem distanciamento é tarefa complicada, que limita, distorce e nos faz perder a noção do todo.
Por isso, achei super interessante a matéria que saiu hoje no caderno Prosa & Verso do jornal O Globo. Foi solicitado a seis pensadores brasileiros que tentassem olhar o nosso tempo através da visão de obsevadores num futuro hipotético. A pergunta é: como nosso tempo será visto no futuro? Resumo aqui suas respostas.
Para Adauto Novaes (jornalista e filósofo), nosso tempo será visto no futuro como um momento de grandes mutações, sejam elas na política, na arte, no corpo, nas ciências, nos costumes, mentalidades e valores. Um tempo de passagem, entre a confluência de dois mundos: um que ainda não se foi totalmente e outro que ainda não se implantou de fato. Será, ainda, lembrado “pelo vazio do pensamento”, pela “desqualificação do homem”, pelo legado das invenções técnicas e pela morte de 191 milhões de pessoas, vítimas diretas e indiretas da violência política do século XX.
Para Ronaldo Vainfas (professor titular de História da UFF), nosso tempo será chamado no futuro de a “era do neocapitalismo”, menos pelos aspectos econômicos e tecnológicos, mas, sobretudo, pela ênfase numa cultura planetária. Os futuros estudiosos do nosso tempo verão a internet como símbolo da globalização e uma vulgarização dos sistemas de comunicação, antes de uso exclusivo militar. A preocupação com o meio-ambiente e os projetos de desenvolvimento sustentável serão considerados uma “combinação do capital com a preservação do planeta”. Mas Ronaldo Vainfas diz que o que mais vai impressionar os nossos observadores será a conversão dos regimes comunistas em capitalistas, sobretudo a China!
Francisco Carlos Teixeira da Silva (professor titular de História Contemporânea da UFRJ) tem uma visão apocalíptica para o mundo, denominando o início do século XXI de “tempo perdido”. Para ele, nossos descendentes, localizados no ano de 2035, terão uma visão nada simpática a nosso respeito: o tempo em que tivemos a oportunidade de mudar as coisas, mas não levamos a sério as advertências. Por isso, eles estarão sofrendo todas as conseqüências das nossas irresponsabilidades.
Para Nuno Ramos (artista plástico e escritor), nossa época bem poderia ser chamada de a “época da cacofonia”, dos discursos infindáveis, onde tudo se diz e tudo se vende, onde o verbo recobriu as coisas ou mesmo tomou o lugar delas.
Isabel Lustosa (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) diz que por vivermos a crise de um modelo econômico e filosófico, observa indícios do surgimento de um novo Renascimento, onde a humanidade está toda num mesmo barco, iniciando um processo de preocupação uns com os outros. Por isso, para ela no futuro seremos vistos como o tempo em que teve lugar a recuperação dos valores de uma humanidade esquecida.
Mary Del Priore (Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) focou seu olhar sobre a aceleração das mudanças e seus conflitos, considerando a nova equação familiar, o hedonismo, a depressão, o indivíduo multifacetado, o culto à felicidade, a busca de uma nova ética, entre outros, como aspectos que marcarão nossa época.
Finalizando, Mànya Millen fala sobre a visão otimista do jornalista Juan Arias, que escreveu o livro “50 motivos para amar o nosso tempo”. Segundo ele, estamos hoje melhor do que estávamos há poucas décadas. E como não há campo algum onde tenha havido retrocesso até o momento, a tendência é que continuaremos avançando, seja na saúde, na tecnologia, na política etc. Para ele, temos muitos motivos para valorizarmos o presente e, no futuro, sermos valorizados por nossas conquistas.
Como eu gostei da brincadeira, resolvi dar também a minha opinião. Para mim, nosso tempo poderá ser visto como o tempo em que a inversão do público e do privado fez com que muita coisa viesse à tona. Seremos chamados de "a época da transparência". Uma “transparência” big brother que tomou conta do mundo, mas que não tem a conotação bacana de “sinceridade”. Para uns, uma transparência do que se quer revelar a qualquer custo, independentemente de se ter um público interessado nessa revelação. Para outros, uma transparência que não consegue ocultar o que se queria oculto. Enfim, uma transparência saia justa, que muitas vezes incomoda, constrange, denuncia, mas que também rende pontos na mídia!

E você? Como acha que seremos vistos no futuro?