quarta-feira, 24 de março de 2010

Rankeando as inovações


Americanos tem mania de rankear tudo, um indício de competividade e raciocínio lógico e objetivo. As vezes eu acho legal, as vezes me irrita profundamente. Mas, vamos ao que interessa, o Claudio Magalhães passou um e-mail com o link de uma matéria do Finantial Times publicada na Folha de SP que rankeava as 10 inovações que mudarão os negócios.
Resolvi comentar uma a uma através de diferentes posts.
A primeira inovação já ganhou milhões de capas de revista e começa a tomar corpo em nossas rotinas. Fala da Computação em céu aberto, ou seja, a computação em nuvem. Segundo Richard Waters, chefe da sucursal do Finantial Times, em São Francisco. "O assunto quente do setor de tecnologia, nos últimos anos, vem sendo a ascensão da "computação em nuvem". Ele mesmo explica " São necessárias duas coisas para compreender a plataforma. A primeira se relaciona ao poder de processamento e de armazenagem de dados, que vem se transferindo de máquinas individuais para grandes centrais remotas de processamento de dados.
Isso permite que números sejam processados em escala industrial e que o poderio de um supercomputador seja aplicado a tarefas cotidianas: analisar os padrões de tráfego de uma cidade, por exemplo, e prever onde surgirão congestionamentos.
A segunda parte se relaciona aos bilhões de aparelhos pessoais inteligentes -por exemplo, netbooks e celulares inteligentes- capazes de se conectar a esse recurso centralizado de computação via internet. Isso significa que indivíduos (e não apenas empresas ou governos) poderão tirar vantagem dessas "nuvens" de informações", relata o editor.
 Para onde isso nos conduz? Duas previsões gerais surgem rapidamente. Uma é a de que "oferecer tanto poder de processamento e armazenagem a baixo custo resultará em novos avanços. A ciência, por exemplo, poderia ser revolucionada, já que os pesquisadores ganhariam acesso a montanhas inimagináveis de dados e desenvolveriam maneiras de produzir referências cruzadas entre as diferentes disciplinas.
A segunda previsão é a de que os aparelhos pessoais de computação se tornarão superinteligentes, à medida que puderem aproveitar a inteligência da "nuvem". O Google já está falando sobre adicionar tradução de voz instantânea aos recursos de seus celulares. As grandes mudanças que esses avanços da computação representarão podem não estar concluídas ao final da próxima década, mas estarão a caminho."
Ou seja, com a "nuvem" não precisamos mais de HDs poderosos para guardar nossos arquivos e programas, elas fazem isso por nós. Eu ando experimentando a "nuvem" para armazenar os arquivos de pesquisa do Nucleo de Cenários Futuros. Tem funcionado super bem, e é, realmente, muito vantajoso poder checar meus arquivos apenas usando meu celular. Desta forma me transformei numa nômade urbana legítima, como anunciou o The Economist numa pesquisa feita hà 3 anos. 
Mas, é aquela história, se as minhas informações particulares não estão armazenadas no meu HD, na minha estante, será que eu sou a única pessoa com a chave para acessá-la. ÓBVIO QUE NÃO. As tais nuvens também aproveitam para colher dados que, como o Google, sabe-se lá quando vão usar isso para se aproveitar de nós.
Estou lendo um livro do Villen Flusser chamado "Mundo Codificado". Apesar do texto direto e fácil, entender o raciocínio rápido desse filóssofo alemão que morou por muitos anos no Brasil, não é lá das tarefas mais simples, mas logo nas primeiras folhas, quando Flusser começa a atirar suas visões sobre o futuro ele lança uma das maiores verdades desse século: O futuro pertence aos programadores. O poder está na mão de quem controla os tais super computadores, e das pessoas que são capazes de decifrar e se comunicar usando linguagem de programação. 
As nuvens só amplificam esse índício e me fazem pensar se ao invés de colocar meus filhos na escola, não seria melhor deixá-los aprendendo o be a bá numa sala de informática. 
Ok, estou sendo radical, mas é uma provocação limpa sobre o cenário que nos aguarda.
ps: O que me faz pensar por que George Friedman pouco mensionou esse quesito no seu livro "Os próximos 100 anos"? Ele ficou se baseando num jogo de geo-política pouco considerando a valorização dessa moeda virtual....ou, implicidamente ele quis dizer que os EUA ainda dominarão os próximos 100 anos pois ele detêm o controle físico desses programadores. Aliás, muito complicado pensar em geo-política se tratando de nuvens pois lá não existem fronteiras.
ps2: acabo de achar esse link com uma matéria ótima sobre cloud computing do The Economist

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