segunda-feira, 30 de março de 2009

Outra "verdade" Inconveniente

Neste domingo dois artigos chamaram a atenção. Um, é uma entervista no caderno Mais da Folha de SP com o sociólogo Anthony Giddens. Nesta entrevista, Giddens fala como a crise financeira ainda é um cenário muito obscuro ( e levado pelas ondulações do mercado) e toca em pontos importantes como a "política de mudança climática", ambos assuntos latentes à reunião do G-20, que ocorrerá na próxima quinta ( e que hoje, sexta, terminou em din-din pro FMI é muito pouco sobre o clima), Giddens até previu isso, e disse que era preciso terminar tudo bem para acalmar o mercado.
Sobre a entrevista, na visão de Giddens, a crise financeira junto com as questões climáticas apontam para um novo posicionamento, mudança de mentalidade, o que, realmente, não é nenhuma novidade. Mas, sem dúvida é uma questão importante para se refletir.
Em seu discurso, Giddens traz a tona duas questões: a "desglobalização" e a contradição num acordo para a diminuição da emissão de gas carbônico na atmosfera. Para ele, os países em desenvolvimento não podem diminuir essa emissão pois vão deixar de se desenvolver, enquanto os países desenvolvidos não querem ter cotas de emissão diferenciadas pois vão perder sua competividade. Um impasse difícil de ser resolvido...a não ser que se acelerem a pesquisa e desenvolvimento de formas de produção não poluentes (seria ótimo se os países em desenvolvimento saíssem na frente, como um tapa de luva). Mas fica aí mais um sinal para pesquisa, creio eu.

A desglobalização fala das medidas protecionistas que muitos países irão tomar para proteger seu mercado. Isso, em termos de comportamento, ja é nítido, e até antes mesmo da crise ja se falava do retorno ao mercado "local" como um ponto positivo para a diminuição da emissão de gas carbono. Talvez esse sentimento ganhe força com a crise econômica. Como Giddens diz, é impossível dar marcha ré na questão da informação/ comunicação provindas da globalização, porém um olhar mais atento e preocupado com o espaço local (mesmo que seja para servir de modelo para outras comunidades) é válido.

Me chamou a atenção sua preocupação com essa questão de cotas diferenciadas para os países em desenvolvimento pq, coincidentemente, tb li uma matéria no NYT de oito páginas (virtuais) sobre o controverso físico Freman Dyson que numa de suas opiniões sobre o aquecimento global disse que era uma "palhaçada" (licença poética minha) parar com o desenvolvimento dos países pobres e em desenvolvimento para que a natureza seja defendida de um perigo que talvez não tenha nenhuma relação com o desenvolvimento industrial no mundo (ela acredita que o discurso extremista do aquecimento global pode vir a ser uma balela). Ok, dessa parte discordo, pontuo apenas a preocupação que algumas pessoas (até díspares em pensamento) sobre não paralizar o desenvolvimento de países que ainda não atingiram um nível ideal de vida (dentro do conceito acordado dos dias de hoje, que é qual mesmo?) - MAS SERÁ QUE ISSO VAI ACONTECER NO SISTEMA CAPITALISTA!!!? Ainda mais com a crise que freia qualquer vontade de desenvolvimento por enquanto.
Acho muito improvável, mas fica marcado o olhar para os países em desenvolvimento, como o Brasil de Lula, que segundo Obama num momento informal da reunião do G-20 disse "He is the man".

Pesquisa nestes países, já!

Os links: Folha e NYT.

Nenhum comentário:

Postar um comentário